Chega sorrateiramente,
Lôbrega e incontinenti,
Com braços fortes e cálidos,
Lábios grotescos e áridos.
"Da vida à morte, sem sorte."
O meu bofe¹ é percorrido,
Já me deixa estupefato
Fitar o sangue escorrido.
Diz-me o ceifeiro, de fato:
"Da vida à morte, sem sorte."
O que me deixa soturno...
Esse ar tão taciturno!
Os meus olhos já cerrados!
E aquele verso, ecoado:
"Da vida à morte, sem sorte."
De fato não fui sortudo,
Inocente ou pueril;
Demasiado carrancudo,
Pois, já um, nunca fui mil.
"Da vida à morte, sem sorte."
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¹ - bofe: pulmão; entranhas.
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